sábado, 9 de julho de 2011

Só um sonho.


Era um dia claro, bonito, algo fácil de acontecer aqui nessa cidade. Eu usava um shorts jeans claro, regata florida, chinelos nos pés e carregava uma bolsinha velha -ganhada de minha avó- que tinha. Sai para passear, dar uma volta, sair dessa rotina de passar os sábados de manhã sentada em frente a um computador. Caminhei até chegar a praia, andei até o mar e molhei os pés. Passados dois minutos -acredito eu- resolvi sentar-me na areia, colocando a bolsa ali no chão mesmo. Fiquei olhando, viajando em meus pensamentos. Claro, até ser atingida por uma bola de vôlei, me fazendo cair e chamar a atenção de todos.
"Opa, me desculpe" , falou alguém, provavelmente o que me machucou.
"Não, não se preocupe, esta tudo bem" , disse.
Vi uma mão estendida para mim, segurei-a e levantei. Naquele momento, paralisei. Garoto de pele clara, cabelo loiro bagunçado, bermuda azul, camiseta no ombro e olhos azuis. Ele não era forte mas tinha um rosto fofo; o tipo de físico que eu sempre gostei. Por um segundo, pensei ter me perdido nos olhos dele, só pensei. Imagine, seria estranho.
"Certeza que não machucou?" , perguntou, reparando na minha mão em minha cabeça, massageando.
"Sim" , sorri.
"Que tal um suco? Como um pedido de desculpas e, sem resposta negativa" , riu.
Acabei aceitando. Pode parecer feio, mas eu queria mesmo aquele tempo com ele, conhece-lo melhor. Fomos até um quiosque, pedimos dois sucos de laranja com gelo sem açúcar e começamos a conversar. Percebi que ele se parecia muito comigo, muito mesmo; era bom. Em vez de minutos, acabamos passando duas horas lá, foi muito.
"Olha, obrigada mas, preciso ir" , falei, sem jeito.
"Posso te acompanhar até sua casa?" , perguntou. Fiz que sim com a cabeça.
Como eu morava num prédio, ali, de frente para a praia, não faria mal algum receber a companhia dele. Me deixou na portaria e completou o dia perguntando pelo meu nome. Fiz que não com a cabeça, perguntando pelo dele. Leonardo, era esse o nome. Subi para meu apartamento, sem dizer nada.
No dia seguinte, fui surpreendida. O porteiro me ligara, dizendo sobre uma visita estar a minha espera lá embaixo. Peguei o elevador e fui, era ele. Com uma rosa na mão e um sorriso no rosto.
"Você não me disse seu nome, e sem ele, como é que vou falar a minha família o nome de minha futura namorada?" , sorriu e me entregou a rosa.
Saímos para passear, fomos até a praia novamente, nos sentamos na areia e conversamos por um bom tempo. Ele era um bom rapaz e mexeu comigo. O dia foi maravilhoso, admito. Quando voltamos, ele me deixou na portaria no prédio. Eu havia lhe dito meu nome, sim. Ganhei um beijo carinhoso na testa. E então, quando estava indo pegar o elevador, ele gritou.
"Agora eu já sei, já sei qual nome dizer ao Padre quando falar em casamento, não é mesmo, Amanda?" , gritou, sorriu e foi embora. Aquilo se repetiu por um bom tempo, era maravilhoso.

"Amanda, acorde" , era minha mãe. Foi só um sonho.

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