I
Ultimamente Ticiane estava estranha. Há algum tempo, seu gosto pela brisa de cada dia ao som da MPB havia sumido e dado lugar ao desejo de ficar em seu quarto ouvindo Rock ‘n’ Roll. Coisa que sua mãe não entendeu mas decidiu não questionar.
Ticiane tinha a pele macia, curvas bem definidas e cabelos escorrendo até o meio de suas costas, e por essas e outras, sem dúvidas despertava a atenção de muitos garotos. Sem falar no seu jeito de se vestir. Calças rasgadas, camisetas desbotadas e acessórios meio indígenas davam um ar rebelde a menina.
A suas amigas, Ticiane costumava dizer que não amava. Realmente nunca havia feito cartas de amor ou havia mantido o olhar apaixonado, mas quem conhecia a garota sabia que quando ela estava amando, passava muito tempo quieta chupando o dedão da mão direita.
Para as amigas estava tudo muito claro, depois de um mês chupando o dedão, veio a fase rock, era óbvio, então, que a paixão (qualquer que fosse) não decolou para Ticiane.
Mas o inesperado aconteceu ontem.
Ela estava na janela de seu quarto com Nirvana ao fundo, quando Pablo apareceu. Era um garoto magrelo, que amava futebol, usava óculos e como todos da cidade falava caipira.
- O que você quer, Pablo? – perguntou Ticiane, que ao ver a visita se apressou a passar lápis no olho pra mostrar seu novo estilo.
- Tici (- Quem te deu essa intimidade, ela pensou.), eu vim aqui dizer que eu gosto de você. – não estranhe, naquela cidade era assim, gosta, conta.
- Mas eu não gosto de você – e a garota começou a fechar a janela. Se o pedido era rápido, a resposta também era.
- Ah é? Você vai ficar esperando quem gosta? Então vai ficar ai pra sempre, porque o Getúlio está namorando a Raquel.
- Ah é? Se tiver parabéns.
BUM! Fechou a janela quase quebrando-a.
E chorou no quarto. Chorou, chorou. Ela não acreditava, só podia ser brincadeira.
Depois de um mês chupando o dedo. Isso aconteceu.
Ela estava na janela de seu quarto com Nirvana ao fundo, quando Pablo apareceu. Era um garoto magrelo, que amava futebol, usava óculos e como todos da cidade falava caipira.
- O que você quer, Pablo? – perguntou Ticiane, que ao ver a visita se apressou a passar lápis no olho pra mostrar seu novo estilo.
- Tici (- Quem te deu essa intimidade, ela pensou.), eu vim aqui dizer que eu gosto de você. – não estranhe, naquela cidade era assim, gosta, conta.
- Mas eu não gosto de você – e a garota começou a fechar a janela. Se o pedido era rápido, a resposta também era.
- Ah é? Você vai ficar esperando quem gosta? Então vai ficar ai pra sempre, porque o Getúlio está namorando a Raquel.
- Ah é? Se tiver parabéns.
BUM! Fechou a janela quase quebrando-a.
E chorou no quarto. Chorou, chorou. Ela não acreditava, só podia ser brincadeira.
Depois de um mês chupando o dedo. Isso aconteceu.
Ela estava irritada.
Ticiane amava Pablo. Não teve coragem de dizer. Teve medo.
Ticiane amava Pablo. Não teve coragem de dizer. Teve medo.
Ainda dava tempo (a voz interior sussurrou), o Nirvana sumiu e de repente Elis apareceu (Os sonhos mais lindos sonhei.). A menina voltou ao que era antes, correu pela rua, avistou Pablo sozinho e disse:
Eu te amo! – disse não, gritou.
Eu te amo! – disse não, gritou.
E suas lágrimas apagaram o lápis do olho. E o beijo de Pablo tirou o gosto de tristeza de sua boca.
Observação: até hoje Ticiane não sabe se tocou Elis Regina na rádio do rock ou se o destino cantou a música para ela.
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