sábado, 26 de março de 2011

Little Love Dream I

I


Ultimamente Ticiane estava estranha. Há algum tempo, seu gosto pela brisa de cada dia ao som da MPB havia sumido e dado lugar ao desejo de ficar em seu quarto ouvindo Rock ‘n’ Roll. Coisa que sua mãe não entendeu mas decidiu não questionar.
Ticiane tinha a pele macia, curvas bem definidas e cabelos escorrendo até o meio de suas costas, e por essas e outras, sem dúvidas despertava a atenção de muitos garotos. Sem falar no seu jeito de se vestir. Calças rasgadas, camisetas desbotadas e acessórios meio indígenas davam um ar rebelde a menina.
A suas amigas, Ticiane costumava dizer que não amava. Realmente nunca havia feito cartas de amor ou havia mantido o olhar apaixonado, mas quem conhecia a garota sabia que quando ela estava amando, passava muito tempo quieta chupando o dedão da mão direita.
Para as amigas estava tudo muito claro, depois de um mês chupando o dedão, veio a fase rock, era óbvio, então, que a paixão (qualquer que fosse) não decolou para Ticiane.
Mas o inesperado aconteceu ontem.
Ela estava na janela de seu quarto com Nirvana ao fundo, quando Pablo apareceu. Era um garoto magrelo, que amava futebol, usava óculos e como todos da cidade falava caipira.
- O que você quer, Pablo? – perguntou Ticiane, que ao ver a visita se apressou a passar lápis no olho pra mostrar seu novo estilo.
- Tici (- Quem te deu essa intimidade, ela pensou.), eu vim aqui dizer que eu gosto de você. – não estranhe, naquela cidade era assim, gosta, conta.
- Mas eu não gosto de você – e a garota começou a fechar a janela. Se o pedido era rápido, a resposta também era.
- Ah é? Você vai ficar esperando quem gosta? Então vai ficar ai pra sempre, porque o Getúlio está namorando a Raquel.
- Ah é? Se tiver parabéns.
BUM! Fechou a janela quase quebrando-a.
E chorou no quarto. Chorou, chorou. Ela não acreditava, só podia ser brincadeira.
Depois de um mês chupando o dedo. Isso aconteceu.
Ela estava irritada.
Ticiane amava Pablo. Não teve coragem de dizer. Teve medo.
Ainda dava tempo (a voz interior sussurrou), o Nirvana sumiu e de repente Elis apareceu (Os sonhos mais lindos sonhei.). A menina voltou ao que era antes, correu pela rua, avistou Pablo sozinho e disse:
Eu te amo! – disse não, gritou.
E suas lágrimas apagaram o lápis do olho. E o beijo de Pablo tirou o gosto de tristeza de sua boca.

Observação: até hoje Ticiane não sabe se tocou Elis Regina na rádio do rock ou se o destino cantou a música para ela.

Um comentário:

T. disse...

ONNNNNT, caramba, como eu amei esse post, fooi você que escreveeu? MT, mt, mt, mt nindoooo *-* Adoooro seu blog, você escreve maravilhosamente bem .