sábado, 28 de maio de 2011

Uma história.


Era noite de lua cheia e eu não me lembro quanto tempo faz, só sei que foi a muitos anos atras. Estava eu, junto de mais dois amigos, em um parque, daqueles que vem para a cidade e depois de uma ou duas semanas vão embora. Eu havia esquecido de me agasalhar antes de sair de casa, então, estava com frio. Minha cabeça rodava, em busca de um alguém que eu não sabia quem, até que avistei uma bela mulher. Cabelos loiros soltos ao vento e batendo em seu rosto, olhos castanho-escuros que chamavam a atenção de qualquer um e roupas chiques, ela estava preparada para se aquecer. Era um vestido florido, uma meia calça grossa, sapato fechado nos pés e uma blusa de manga comprida por cima. Fiquei olhando-a e fui pego em flagra por meus amigos, eles riam de mim e diziam ''vá lá, Joe, crie coragem e fale com a moça", falar era fácil, coragem para ir é que me faltava. Ela andava totalmente segura de si, ah, era lindo como ela flutuava sobre o chão, aquele chão sujo que ficava lindo quando ela passava. Era estranho, de certa forma, ela também olhava para mim. Suas amigas, cochichavam em seu ouvido e logo após, olhavam em minha direção. Isso se repetiu por várias e várias vezes.
Virei a cabeça rápido ao ouvir um barulho e, ao voltar para sua direção, ela já havia partido. Onde estaria agora a mulher dos olhos lindos? Eu precisava achá-la. Fomos, eu e meus dois companheiros, até a roda-gigante. Tentei ve-la de lá, bem do alto e não é que consegui? Esperei ansiosamente para que aquele brinquedo, já inútil para mim, parasse e me coloca-se ao chão, para que pudesse ir em direção daquela moça, antes que a perdesse de vista novamente. Ela estava ao lado do jogo onde, quem colocasse mais argolas na boca do palhaço, ganhava um urso. Eu, nem um pouco bobo, tentei e com ajuda da sorte, ganhei. Dei-lhe o urso e a chamei de lado, iniciando conversa. Ficamos ali, eu e ela, conversando por um bom tempo. Quando foi ficando mais tarde, ela precisava voltar para casa mas, não perdi tempo e marquei um encontro para o dia seguinte, a uma sorveteria ali perto. Ela aceitou e se foi.
Esperei pelo dia seguinte como uma criança espera pelo Papai Noel, com o coração quase saindo pela boca, até que o tal chegou. Ela apareceu, ufa, pensei. Tomamos sorvete e depois fomos caminhar na praia, ela segurou minha mão e aquilo, para mim, foi um sinal. Passamos uma tarde maravilhosa juntos e seguida daquela, muitas outras. A coisa foi ficando séria, séria a ponto de nos casarmos um ano depois.
Tivemos dois filhos e fomos muito felizes, nós quatro, dia após dia, numa deliciosa alegria.
Mas, o tempo passou, ele sempre passa, eu sabia que passaria. E, adquirindo uma doença incurável, ela se foi. Me abandonou, subiu para os céus e me deixou aqui, sem forças, sem vida, sem vontade de continuar. Eu já estou velho, nossos filhos estão crescidos e muito bem, tenho até netos, quatro lindos netos. Eu espero a morte ansiosamente, como esperei por aqueles dias junto dela. Eu deveria temer o dia de deixar a terra mas, pelo contrário, eu sonhava em estar com minha amada novamente. Sem ela, eu era apenas mais um velho rabugento.

Um comentário:

Lillo G. disse...

REALMENTEALGUNS HOMENS SEM UMA COMPANHEIRA VIRAM VELHOS RABUGENTOS. PARABÉNS PELO TEXTO. É UM DEPOIMENTO E TANTO.


http://thebigdogtales.blogspot.com/